quarta-feira, outubro 11, 2006

Aqueles Bons e Raros Momentos, de Charles Bukowski




quando os deuses descansam
quando os cães se
calam,
voce sentado numa
espelunca Sushi
mandando ver nos palitinhos
entre duas grandes garrafas
de saquê
só que quietinho pensando
sobre todos os infernos
que você
sobreviveu,
provavelmente mais que
qualquer um
so que esses são seus
pra se lembrar.
Sobreviver é uma coisa
engraçada demais,
e doida.
Passando com segurança por todas
as guerras,
mulheres,
hospitais, xilindrós,
juventude,
meia-idade,
danças suicidas,
décadas
de nada.

Agora aqui
nessa espelunca Sushi
numa rua suburbana
de uma cidadezinha,
tudo passa à sua
frente
rapidamente
feito um filme
bom/ruim.

Há essa
estranha sensação
de paz.

Nem um carro na rua
passa,
nem um som.

Você segura os palitinhos
como se fizesse
isso há
séculos,
repare no pedacindo
de repolho na
borda do seu
prato.
aí, é isso aí,
todo aquele estilo,
graça,
caralho é tão
estranho
sentir-se bem por estar
vivo,
sem fazer nada
de mais
e sentindo
a glória
disso,
como um pleno
coral atrás
de você,
como as
calçadas,
como as
dobradiças.

cresce grama na Grécia
e até os patos
tiram uma siesta.



(Tradução: Rodrigo Garcia Lopes)

Amém, Buk, amém

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