domingo, janeiro 13, 2008

Whitman e Plath

A edição de dezembro da revista BRAVO! elencou os 100 livros essenciais da literatura mundial e incluiu lá o Folhas da Relva, do Walt Whitman, em minha tradução (Iluminuras).

No Estadão, na coluna do Daniel Piza de 23 de dezembro, onde ele faz um balanço dos melhores lancamentos do ano, o elogio foi para a tradução do Ariel, da Sylvia Plath, na minha parceria com a Maria Cristina Lenz de Macedo.

No Brasil não se costuma valorizar o trabalho estético que implica uma tradução literária, especialmente poesia. Felizmente parece que isto está mudando:

Daniel Piza

Este ano editorial repetiu os últimos e trouxe número maior de destaques em não-ficção, especialmente em biografias. Mas em termos de qualidade o destaque vai enfim para a ficção. Li bons romances neste ano, curiosamente pequenos em tamanho. O que mais me agradou, o que mais ficou na minha memória em cenas ou climas, foi O Mar, de John Banville, escritor irlandês, dono de uma prosa que mistura sensibilidade artística com senso científico. Na Praia, de Ian McEwan, não tem a força de Reparação ou mesmo Sábado, mas é uma bela novela. Martin Amis voltou ao seu melhor nível em Casa dos Encontros, um romance “russo” em suas conturbações emocionais e políticas. E Philip Roth continuou a demonstrar por que é o maior de todos, com Homem Comum (original do ano passado, quando eu já o tinha destacado) e Exit Ghost, este ainda não traduzido.

Outros bons autores de língua inglesa tiveram livros editados no Brasil em 2007, mas a meu ver abaixo do que podem, como John Updike, Julian Barnes, Don DeLillo e J.M. Coetzee. Isso para não falar em O Castelo na Floresta, último romance de Norman Mailer, uma das tantas perdas deste ano. Antes que me acusem de só falar de autores anglófonos, confesso que não tive tempo para enfrentar As Benevolentes, do francês Jonathan Littell, e que me diverti muito com Il Colore del Sole, suspense do italiano Andrea Camilleri sobre o pintor Caravaggio, ainda inédito em português.

Quanto aos brasileiros, O Filho Eterno, de Cristóvão Tezza, e O Sol se Põe em São Paulo, de Bernardo Carvalho, são livros interessantes, mas, de novo, abaixo do que cada autor poderia ter feito com a mesma história. Outra tônica foi a grande quantidade de reedições ou novas traduções importantes. Livros de Onetti, Waugh, Faulkner; relançamento do Borges completo; reavaliações como a de Paula Fox, autora dos contos de Desesperados - muitos seriam os exemplos. Na poesia, traduções de Emily Dickinson por José Lira, de Sylvia Plath por Rodrigo Garcia Lopes e Maria Cristina Lenz de Macedo, além do clássico saxão Beowulf por Erick Ramalho, merecem aplausos.

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