sábado, maio 09, 2015

RESENHA DE " O TROVADOR" NO DIÁRIO CATARINENSE




Obra é o romance de estreia do escritor que tem experiência em traduções e poesia 

Thiago Momm



       Há alguns meses eu me devia a leitura de O Trovador (Ed. Record, 406 páginas, R$ 49), romance policial do paranaense Rodrigo Garcia Lopes lançado no segundo semestre do ano passado.

      A trama se desenvolve na Londrina dos anos 30. A cidade vivia uma época de “eldorado, babel e faroeste” com a colonização inicial orientada pelos ingleses (daí Londrina como “originária de Londres”). Tudo começou com uma empresa de terras criada por um tal Simon Fraser, o lorde Lovat. Aqui, realidade e romance coincidem. Estamos falando de figura e fatos históricos que foram parar nas páginas do livro, alterados por algumas tintas ficcionais.
 
       A ficção se torna o componente principal em outros aspectos. Lovat divide o protagonismo da história com o tradutor e poliglota escocês Adam Blake. Os dois vão até Londrina para desvendar um crime misterioso, conectado a um poema em provençal enviado ao rei Eduardo 8º. Outros crimes surgem, e a angústia para explicá-los com a dedução dos sentidos do poema se intensifica. Nesse aspecto, o romance evoca um pouco O Nome da Rosa, de Umberto Eco.

      A pesquisa histórica é um dos pontos mais fortes de O Trovador. O livro leva o leitor com naturalidade e profundidade para a Londrina e o contexto geral da época. O aspecto policialesco também se destaca: a trama é extremamente bem controlada, com muitos detalhes bem distribuídos, parecendo antes de um veterano que de um estreante no gênero (trata-se do primeiro romance de Lopes, embora ele seja um escritor de 49 anos experiente em traduções e poesia).

     As descrições me deixaram um pouco dividido. O talento poético de Lopes funciona de sobra para os cenários, mas a apresentação dos personagens paga tributos demais ao pastiche do gênero (quase todo personagem novo em cena ganha uma rápida caricatura física). Nada que destoe muito e que impeça o romance de ser um “page-turner”, um livro para ser lido sem pausas.

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